O Carnaval de Torres Vedras 2017

I – A percepção da loucura

Foi a primeira vez que fui ao Carnaval de Torres Vedras. Não sabia muito bem o que esperar. esperava tudo e não esperava nada. Ia desenhar.Chegámos cedo ao Largo Junto à igreja de são Pedro. Estava tudo muito calmo. Alguns foliões descansavam. Provavelmente estavam apenas a recuperar forças para o que viria a seguir. Sentados na esplanada surgiu o primeiro desenho. 
A malta foi chegando e por volta das 15 horas, já com a pulseira que nos daria acesso ao desfile seguimos para a entrada. O som era bastante audível. Estávamos perto da festa.
Entramos a na rua principal e foi a loucura. Foliões por todo o lado, o desfile a passar, cabeçudos, matrafonas, músicos, carros alegóricos e muita cor. Todos os desenhadores devem ter colocado a mesma questão que eu. “como é que vou desenhar isto?”. Foi difícil chegar ao corso. Os primeiros desenhos foram feitos a medo num estado de latência e estupefacção.  Foram saindo desenhos avulso.
As personagens tinham chão. estavam situadas e o ambiente de festa parecia começar a ficar registado mas continuava a sentir que estava a faltar qualquer coisa. Não chegava ver o corso passar.
O que fazer então?

II – Entrar no interior da loucura

O Corso continuava a passar. Precisava de estar dentro do acontecimento. Lembrei-me que o Pedro e Bruno nos tinham dito que podíamos subir para um carro alegórico. O problema era chegar lá. Por fora era impossível furar o cordão humano. Decidi ir pelo interior do desfile. Dentro do corso a alegria era contagiante. Comecei a desenhar tudo em meu redor. E para acompanhar o corso enquanto desenhava comecei a caminhar para trás à mesma velocidade dos foliões. Foi a técnica perfeita.
Estava a adorar estar no meio da pessoas. Desisti de subir para o carro alegórico. Estava no sítio certo, no meio da loucura. Desenhei as pessoas que passavam por mim mas também o carro alegórico que se aproximava.
Uma Matrafona (eu) a desenhar no meio do corso começou a dar nas vistas. As pessoas começaram a falar comigo e a pedir-me para as desenhar. Aqui vai um retrato do Mário e da Maria. A certa altura senti que o corso tinha abrandado só para eu ter mais tempo para desenhar. Vou acreditar nisso como sendo certo.
Por esta altura senti que eu próprio já fazia parte da loucura.

Dentro do corso senti-me invadido pelo espírito de Carnaval. Desenhei, dancei e fiz amigos. Tirámos fotografias juntos. Encontrei o Wally (EH , EH). Os foliões desenhados apoderaram-se do meu caderno e escreveram mensagens nele. 
Conheci a Ângela a amiga da Merkel. Comi chouriço assado oferecido por um grupo de foliões.
E conheci o Carlos  que quis assinar o desenho porque assim ele vale mais. Afinal de contas foi a primeira Matrafona a ser entrevistada na TV.
Ainda hoje oiço a festa no ar. Olho para cada desenho e viajo para lá. Não se vai a Torres Vedras assistir ao Carnaval. Em Torres Vedras vai-se VIVER O CARNAVAL. É uma experiência humana formidável porque apesar de existir uma organização forte para que tudo corra bem, continua a existir a espontaneidade de quem vive a festa como se o mundo fosse terminar amanhã.
Até para o Ano!

















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